Melanoma acral: o tumor que aparece onde quase ninguém olha

Por que o melanoma acral é tão desafiador — e como reconhecê-lo cedo

O melanoma acral é um dos tumores cutâneos mais frequentemente subdiagnosticados no Brasil. Diferente do melanoma clássico, que surge em áreas expostas ao sol, o acral aparece em regiões que a maioria das pessoas raramente examina: sola dos pés, palma das mãos e unhas. Essa localização pouco óbvia contribui para que o tumor passe despercebido nas fases iniciais, quando o diagnóstico é mais simples e o tratamento, menos invasivo.

Por se apresentar em áreas de impacto, atrito e microtraumas, é comum que o melanoma acral seja confundido com condições benignas, como micose, calo, hematoma ou sinais de trauma repetitivo. Essa semelhança com problemas do dia a dia acaba atrasando a busca por avaliação especializada. Muitas vezes, o paciente tenta diferentes tratamentos tópicos antes de perceber que algo está errado — e, quando chega ao consultório, o tumor já apresenta características mais avançadas.

Alguns sinais devem chamar atenção: mancha escura que cresce ou muda de forma, estria escura que surge ou se alarga na unha, lesões que passam a doer, sangrar ou ulcerar, ou qualquer área que não melhora com terapias habituais. O melanoma acral tende a evoluir silenciosamente, o que torna fundamental observar pequenas mudanças e não normalizar alterações persistentes na pele, nos pés e nas mãos.

O impacto do diagnóstico precoce é significativo. Quando identificado cedo, o melanoma acral é altamente tratável, geralmente com uma cirurgia de menor extensão e excelentes resultados oncológicos e funcionais. Já nos casos identificados tardiamente, podem ser necessárias ressecções maiores, reconstruções mais complexas e o risco de disseminação aumenta de maneira relevante. Por isso, reconhecer padrões suspeitos rapidamente faz toda a diferença na evolução do paciente.

Se uma lesão em pés, mãos ou unhas mudou, aumentou, escureceu, sangrou ou simplesmente chamou atenção, buscar avaliação com um especialista em oncologia cutânea é o passo mais seguro. A atenção ao detalhe salva vidas, e no melanoma acral, um olhar cuidadoso — tanto do paciente quanto do médico — é essencial para que o diagnóstico seja feito no momento certo.