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Linfonodo Sentinela no Melanoma: Quando e Por Que Fazer?

O melanoma é um dos cânceres de pele mais agressivos, e saber exatamente o estágio da doença é fundamental para definir o melhor tratamento e as chances de cura. Nesse contexto, o linfonodo sentinela tem um papel crucial. Mas afinal, o que é, quando ele é indicado e por que essa cirurgia pode fazer tanta diferença no manejo do melanoma? É sobre isso que vamos falar neste artigo.


O que é o linfonodo sentinela?


O linfonodo sentinela é o primeiro gânglio linfático que recebe a drenagem da região onde está (ou estava) o melanoma. Se o melanoma começar a se espalhar, ele seguirá esse caminho natural da drenagem linfática. Portanto, examinar esse linfonodo permite saber se há ou não metástase microscópica, mesmo que os exames de imagem estejam normais.


Quando o linfonodo sentinela está indicado?


Ele não é indicado para todos os pacientes com melanoma. A indicação depende principalmente de características da lesão, como:

  • Espessura do melanoma (Breslow)

  • Presença de ulceração na lesão

  • Índice mitótico (em casos específicos)

  • Melanomas acima de 0,8 mm de espessura, com ou sem ulceração

  • Alguns melanomas de 0,8 mm ou menos, mas que apresentem ulceração ou outros fatores de risco

O objetivo é selecionar os pacientes que têm risco aumentado de metástase nos linfonodos, para que possam ser estadiados corretamente.


Sobre melanomas com espessura entre 0,5 mm e 0,8 mm


Melanomas T1a, ou seja, espessura > 0,5 mm até 0,8 mm, SEM ulceração, não possuem indicação rotineira de linfonodo sentinela, mas ele pode ser considerado se houver fatores de risco adicionais, como: 

→ Idade ≤ 42 anos 

→ Localização em cabeça/pescoço 

→ Invasão linfovascular (LVI) 

→ Índice mitótico ≥ 2/mm²

Nesses casos, o risco de linfonodo positivo fica entre 5% e 10%, aumentando conforme o acúmulo de fatores.

Se a espessura for ≤ 0,5 mm, sem ulceração e sem fatores adversos, o risco é extremamente baixo (<5%) e o linfonodo sentinela não é indicado.


Quando o linfonodo sentinela NÃO está indicado?


  • Melanomas muito superficiais, chamados de melanoma in situ ou com espessura menor que 0,8 mm e sem outros fatores de risco.

  • Doença metastática já evidente nos exames.

  • Pacientes que não seriam candidatos a um tratamento complementar, mesmo que o linfonodo fosse positivo, por condições clínicas graves


Como é feita a cirurgia do linfonodo sentinela?


O procedimento é realizado em centro cirúrgico, geralmente sob anestesia regional com sedação ou anestesia geral, dependendo do caso.

Passo a passo:

  1. Injeta-se uma substância radioativa e/ou corante azul na pele próxima à cicatriz do melanoma.

    Linfocintilografia pré-operatória. Essa substância percorre os canais linfáticos e marca o primeiro linfonodo.
    Linfocintilografia pré-operatória. Essa substância percorre os canais linfáticos e marca o primeiro linfonodo.

    Injeção do azul patente intradérmico pericicatricial.
    Injeção do azul patente intradérmico pericicatricial.

    Com auxílio de um detector (gama probe) e/ou visualizando a cor azul, o cirurgião localiza e remove o linfonodo sentinela.


    O linfonodo é enviado para análise detalhada no microscópio, procurando células de melanoma.


Se estiver livre de doença, significa que provavelmente o melanoma não se espalhou. Se estiver comprometido, indica a necessidade de avaliar outros tratamentos complementares, como imunoterapia ou vigilância ativa, dependendo do caso.


Por que fazer o linfonodo sentinela no melanoma?


✔️ Para saber se há disseminação microscópica 

✔️ Para estadiar corretamente a doença 

✔️ Porque muda o prognóstico e as condutas futuras 

✔️ Para planejar necessidade de tratamento complementar (como imunoterapia) 

✔️ Para evitar cirurgias maiores desnecessárias (como esvaziamentos linfáticos, que atualmente são muito menos realizados)


O linfonodo sentinela cura o melanoma?


Não. Ele não é uma cirurgia de tratamento direto do melanoma. O linfonodo sentinela é uma cirurgia de estadiamento, que ajuda a definir o risco e planejar o melhor caminho no tratamento.

A cirurgia que cura o melanoma é a ressecção da lesão na pele, com margens adequadas. O linfonodo sentinela apenas mostra se houve disseminação microscópica.


A importância de um cirurgião oncológico especializado


A indicação correta, a realização segura da cirurgia e a interpretação dos resultados exigem conhecimento especializado. O cirurgião oncológico tem preparo específico para manejar o melanoma, indicar a biópsia correta, definir as margens cirúrgicas e conduzir o estadiamento com segurança.


Conclusão


O linfonodo sentinela é uma ferramenta fundamental no manejo do melanoma. Ele não é obrigatório para todos, nem deve ser descartado em casos que realmente precisam.

Se você recebeu o diagnóstico de melanoma, converse com um cirurgião oncológico especializado. Isso faz toda a diferença no seu tratamento, no seu prognóstico e na sua qualidade de vida.


Dr. Luiz Fernando Nunes

Cirurgião Oncológico

CRM 5262888-3 RQE 29380

 
 
 

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