Linfonodo Sentinela no Melanoma: Quando e Por Que Fazer?
- Dr. Luiz Fernando Nunes
- 1 de jun.
- 3 min de leitura
O melanoma é um dos cânceres de pele mais agressivos, e saber exatamente o estágio da doença é fundamental para definir o melhor tratamento e as chances de cura. Nesse contexto, o linfonodo sentinela tem um papel crucial. Mas afinal, o que é, quando ele é indicado e por que essa cirurgia pode fazer tanta diferença no manejo do melanoma? É sobre isso que vamos falar neste artigo.


O que é o linfonodo sentinela?
O linfonodo sentinela é o primeiro gânglio linfático que recebe a drenagem da região onde está (ou estava) o melanoma. Se o melanoma começar a se espalhar, ele seguirá esse caminho natural da drenagem linfática. Portanto, examinar esse linfonodo permite saber se há ou não metástase microscópica, mesmo que os exames de imagem estejam normais.
Quando o linfonodo sentinela está indicado?
Ele não é indicado para todos os pacientes com melanoma. A indicação depende principalmente de características da lesão, como:
Espessura do melanoma (Breslow)
Presença de ulceração na lesão
Índice mitótico (em casos específicos)
Melanomas acima de 0,8 mm de espessura, com ou sem ulceração
Alguns melanomas de 0,8 mm ou menos, mas que apresentem ulceração ou outros fatores de risco
O objetivo é selecionar os pacientes que têm risco aumentado de metástase nos linfonodos, para que possam ser estadiados corretamente.
Sobre melanomas com espessura entre 0,5 mm e 0,8 mm
Melanomas T1a, ou seja, espessura > 0,5 mm até 0,8 mm, SEM ulceração, não possuem indicação rotineira de linfonodo sentinela, mas ele pode ser considerado se houver fatores de risco adicionais, como:
→ Idade ≤ 42 anos
→ Localização em cabeça/pescoço
→ Invasão linfovascular (LVI)
→ Índice mitótico ≥ 2/mm²
Nesses casos, o risco de linfonodo positivo fica entre 5% e 10%, aumentando conforme o acúmulo de fatores.
Se a espessura for ≤ 0,5 mm, sem ulceração e sem fatores adversos, o risco é extremamente baixo (<5%) e o linfonodo sentinela não é indicado.
Quando o linfonodo sentinela NÃO está indicado?
Melanomas muito superficiais, chamados de melanoma in situ ou com espessura menor que 0,8 mm e sem outros fatores de risco.
Doença metastática já evidente nos exames.
Pacientes que não seriam candidatos a um tratamento complementar, mesmo que o linfonodo fosse positivo, por condições clínicas graves
Como é feita a cirurgia do linfonodo sentinela?
O procedimento é realizado em centro cirúrgico, geralmente sob anestesia regional com sedação ou anestesia geral, dependendo do caso.
Passo a passo:
Injeta-se uma substância radioativa e/ou corante azul na pele próxima à cicatriz do melanoma.
Linfocintilografia pré-operatória. Essa substância percorre os canais linfáticos e marca o primeiro linfonodo. Injeção do azul patente intradérmico pericicatricial. Com auxílio de um detector (gama probe) e/ou visualizando a cor azul, o cirurgião localiza e remove o linfonodo sentinela.
O linfonodo é enviado para análise detalhada no microscópio, procurando células de melanoma.
Se estiver livre de doença, significa que provavelmente o melanoma não se espalhou. Se estiver comprometido, indica a necessidade de avaliar outros tratamentos complementares, como imunoterapia ou vigilância ativa, dependendo do caso.
Por que fazer o linfonodo sentinela no melanoma?
✔️ Para saber se há disseminação microscópica
✔️ Para estadiar corretamente a doença
✔️ Porque muda o prognóstico e as condutas futuras
✔️ Para planejar necessidade de tratamento complementar (como imunoterapia)
✔️ Para evitar cirurgias maiores desnecessárias (como esvaziamentos linfáticos, que atualmente são muito menos realizados)
O linfonodo sentinela cura o melanoma?
Não. Ele não é uma cirurgia de tratamento direto do melanoma. O linfonodo sentinela é uma cirurgia de estadiamento, que ajuda a definir o risco e planejar o melhor caminho no tratamento.
A cirurgia que cura o melanoma é a ressecção da lesão na pele, com margens adequadas. O linfonodo sentinela apenas mostra se houve disseminação microscópica.
A importância de um cirurgião oncológico especializado
A indicação correta, a realização segura da cirurgia e a interpretação dos resultados exigem conhecimento especializado. O cirurgião oncológico tem preparo específico para manejar o melanoma, indicar a biópsia correta, definir as margens cirúrgicas e conduzir o estadiamento com segurança.
Conclusão
O linfonodo sentinela é uma ferramenta fundamental no manejo do melanoma. Ele não é obrigatório para todos, nem deve ser descartado em casos que realmente precisam.
Se você recebeu o diagnóstico de melanoma, converse com um cirurgião oncológico especializado. Isso faz toda a diferença no seu tratamento, no seu prognóstico e na sua qualidade de vida.
Dr. Luiz Fernando Nunes
Cirurgião Oncológico
CRM 5262888-3 RQE 29380
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