Transformação maligna de cisto pilonidal: o que é, como ocorre e como tratar
- Dr. Luiz Fernando Nunes
- há 3 dias
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O cisto pilonidal é uma doença relativamente comum, principalmente em adultos jovens, caracterizada por um processo inflamatório crônico na região sacrococcígea — aquele local próximo ao cóccix, logo acima das nádegas. Na maioria das vezes, esse cisto é benigno, podendo formar abscessos e fístulas que, embora incômodos, não oferecem risco de vida.
No entanto, em casos muito raros (aproximadamente 0,1% dos casos), esse processo inflamatório pode evoluir para uma forma de câncer de pele chamada carcinoma espinocelular. Esse tipo de transformação é conhecido como degeneração carcinomatosa do cisto pilonidal.
Por que isso acontece?
A principal causa dessa transformação é a inflamação crônica, associada a múltiplos episódios de infecção e drenagem repetida do cisto. Esse processo leva a uma estimulação celular constante, que, ao longo dos anos, pode culminar em alterações malignas.
Como identificar?
Os sinais de alerta para uma possível transformação maligna de cisto pilonidal incluem:
Lesão que não cicatriza ou aumenta progressivamente de tamanho.
Ulceração persistente ou sangramento.
Presença de fístulas que drenam secreção purulenta de forma contínua.
Lesão endurecida ou dolorosa.
Diagnóstico da transformação maligna de cisto pilonidal
O diagnóstico é confirmado através de biópsia da lesão suspeita. Em casos mais avançados, exames de imagem como ressonância magnética podem ser necessários para avaliar a extensão da doença e o comprometimento de estruturas adjacentes, como o sacro e a parede do reto.
No caso relatado no meu artigo publicado, o paciente apresentava uma lesão extensa que invadia a parede do reto e parte do sacro, exigindo uma cirurgia complexa, incluindo ressecção alargada e colostomia definitiva.
Tratamento
O tratamento de escolha é a cirurgia ampla, removendo todo o tumor, incluindo a fáscia pré-sacral e eventuais estruturas adjacentes acometidas. O objetivo é garantir margens cirúrgicas livres de tumor e evitar recidivas. Em alguns casos, pode ser necessário retirar partes do sacro ou realizar cirurgia de múltiplos órgãos.
Prognóstico
Quando diagnosticado precocemente e tratado de forma adequada, o prognóstico pode ser favorável, com taxas de sobrevida em cinco anos próximas a 60%. No entanto, o risco de recidiva local é significativo, reforçando a importância do acompanhamento oncológico.
Conclusão
Embora raro, o carcinoma espinocelular decorrente de um cisto pilonidal deve sempre ser considerado em lesões crônicas que não cicatrizam. O diagnóstico precoce é fundamental para permitir cirurgias menos agressivas e melhores resultados para o paciente.
Fique atento aos sinais de alerta e procure avaliação médica sempre que notar algo diferente.
Dr. Luiz Fernando Nunes
Cirurgião Oncológico
CRM 5262888-3 RQE 29380
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