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Sarcoma em adultos: o câncer raro que começa com um nódulo

Embora pouco frequente, o sarcoma é um tipo de câncer que merece atenção especial. Muitas vezes silencioso, ele pode se apresentar como um simples nódulo ou massa no corpo — e justamente por parecer algo banal, é frequentemente diagnosticado tardiamente.

Neste artigo, vou te mostrar por que o diagnóstico precoce do sarcoma em adultos é um desafio, quais sinais merecem investigação e por que pensar em sarcoma pode mudar o destino de um paciente.


O que é o sarcoma?


Sarcomas são tumores malignos que se originam nos tecidos moles (como músculos, gordura, vasos sanguíneos e nervos) ou nos ossos. Em adultos, são raros — representam cerca de 1% de todos os casos de câncer. Essa raridade, no entanto, não diminui sua gravidade.

O grande problema está no fato de que, por serem incomuns, o sarcoma muitas vezes não é considerado como hipótese diagnóstica inicial, o que atrasa o início do tratamento adequado.


Onde o sarcoma pode aparecer?




O sarcoma pode surgir em praticamente qualquer parte do corpo, mas é mais comum em:

  • Membros inferiores e superiores (especialmente coxas e braços)

  • Abdômen

  • Retroperitônio (região profunda do abdômen)

A apresentação mais típica é um nódulo profundo, indolor e de crescimento progressivo.


Por que o diagnóstico costuma atrasar?



Existem algumas razões principais:

  • Os sintomas são inespecíficos: um nódulo que não dói pode parecer inofensivo

  • Muitos casos são confundidos com cistos, lipomas ou hematomas

  • Em situações de trauma, como pancadas, o paciente ou o médico podem presumir tratar-se apenas de um hematoma, atrasando a investigação adequada

  • O acesso a exames como ressonância magnética e a equipes especializadas nem sempre está disponível em todos os serviços


Um caso que marcou


Fui chamado certa vez para avaliar um paciente jovem, de 34 anos, em um hospital de emergência no Rio de Janeiro. Ele apresentava uma massa no glúteo após uma bolada durante um jogo. A hipótese inicial foi de hematoma, e o paciente foi submetido a uma drenagem.

Mas o quadro não era compatível. Tratava-se de um sarcoma.

Infelizmente, o tempo perdido levou à progressão local do tumor, e a única possibilidade terapêutica foi uma amputação. Situações como essa reforçam a importância de pensar em sarcoma desde o início.


Quando suspeitar?

Procure um especialista se notar:

  • Nódulo que cresce progressivamente

  • Lesão que não regride com o tempo

  • Caroço profundo, endurecido ou doloroso

  • Sintomas associados, como perda de peso ou limitação funcional


Como é feito o diagnóstico?


O diagnóstico do sarcoma envolve:

  • Avaliação clínica detalhada

  • Exames de imagem, especialmente a ressonância magnética

  • Biópsia, que deve ser feita de forma cuidadosa para não comprometer uma futura cirurgia

  • Tomografia para avaliar se houve disseminação da doença


O tratamento e a importância da equipe especializada


O tratamento de um sarcoma geralmente exige:

  • Cirurgia oncológica com margens amplas

  • Radioterapia e/ou quimioterapia, dependendo do subtipo e da extensão

A presença de uma equipe multidisciplinar, com cirurgião oncológico, oncologista clínico, radioterapeuta, patologista e radiologista experiente, faz toda a diferença nos desfechos.


Conclusão


O sarcoma é raro, mas precisa ser lembrado. Não podemos tratar qualquer nódulo como algo inofensivo sem investigar com critério.

Um diagnóstico precoce pode significar a preservação de um membro, uma cirurgia menos agressiva — ou até mesmo a cura.


Dr. Luiz Fernando Nunes

Cirurgião Oncológico




CRM-RJ 52.62888-3 | RQE 29380

 
 
 

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